não, não e não

A esta altura do campeonato, com quase metade da vida em curso, começou uma lição que muita gente aprende na infância.
É preciso dizer não.
Para os desacostumados com a arte da negativa, a tarefa é difícil.
Interiorana, meio caipira, feiozinha e tímida, aprendeu que o melhor era chamar pouca atenção sobre si mesma.
Devia concordar com tudo e todos.
Quem contesta é mal visto, afasta amigos, corre riscos.
Tremia só de pensar
Ouvia calada.
Pedia desculpa por respirar.
Meio sem perceber, foram se aproveitando de sua fraqueza.
Pediam o impossível
Dizia Sim
Faziam piadas que a insultavam
Sorria
Guardou um enorme ressentimento
Um dia explodiu
Ninguém entendeu
Era tão boazinha.
Como podia dizer aqueles palavrões?
Foi para casa
Dormiu exausta
Antes, ensaiou no espelho: Não, Não e Não!
Acordou sorrindo.

2 comentários:

Unknown disse...

Um tanto quanto azedo, um pouco amargo de tragar, faltando uma pitada de adoçante.
Mas, querida amiga, a imagem da humilde garota interiorana, que veio pra cidade grande deslumbrada com o passeio de ônibus pela cidade, ficou um pouco turva, um pouco rota, diante do brilho da moça que desabrochou aqui e ocupou seu espaço ao sol, ou melhor, ao nosso lado, no melhor por do sol do mundo, o por do sol da Amazônia.
Nunca percas a essência da garota de cabelo encaracolado da Sororoca, assustada com o cinema e encantada com o bosque no meio da cidade grande. Há muito encanto e beleza nela, que se espraia em você.
Te amo muito e sempre estarei disposta a te oferecer uma chícara de café pra alegrar-te. Que bom que tivemos a sorte de herdar a bela, nenhum pouco "feiozinha e tímida", menina que o nordeste nos brindou.
MB

RS disse...

A vida me brindou com algumas amizades que valem mais que qualquer coisa. Quero zelar sempre por elas
Adoro vc

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Escritora iniciante, filósofa frustrada, psicóloga de botequim, jornalista por opção ou falta

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