no calor da dúvida

Tomei uma decisão: não terei aparelho de ar condicionado, apesar do calor que faz nesta terra perto do sol.
Não, o planeta não agüenta tanta gente fugindo das noites quentes
Ar condicionado derrete algo nas minhas vias respiratórias e me faz chorar pela manhã
Madrugada insone. Reviro pela cama.
O suor escorre
Planejo a compra do aparelho para o dia seguinte.
Mas relembro da decisão de fazer um sacrifício pelo planeta e por minhas narinas também -nem só de altruísmo vive esta mulher.
Não posso aborrecer minha alergia, companheira de infância
Tento abstrair o calor
E então, outras dúvidas passam a me atormentar
Por que mudei de emprego? De cidade? De rumo? De amores?
Vou revendo os momentos em que tomei cada decisão e volto a dormir
Amanhã, fantasmas da dúvida estarão novamente à minha espera
Será que fiz a coisa certa?
Construo mentalmente um tribunal
Nele, sou advogada de defesa
Defendo os caminhos seguidos até aqui
Não credito no que está nos autos
Mas os defendo sempre.
Só assim é possível dormir

2 comentários:

Raíssa disse...

Adorei a metáfora do tribunal.
Se precisar de uma testemunha de defesa, conte comigo. Sempre.

RS disse...

Querida, os amigos são as nossas melhores defesas Sempre vou precisar do seu testemunho
Bjus

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Escritora iniciante, filósofa frustrada, psicóloga de botequim, jornalista por opção ou falta

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