Sempre olhei o mundo ao redor com assombro
Verdade que, apesar desse jeito medroso, nunca deixei de vasculhar dentro de mim
Reconheço cada reação
Sou capaz de analisar, recriminar, elogiar
Não foi tarefa fácil, nem barata
Foram muitas sessões de análise, muito choro, muita dor
Hoje posso olhar para dentro de mim e ter orgulho do que me tornei
Parte dessa satisfação vem da certeza de ter vencido preconceitos que descobri em várias situações
Fingia naturalidade diante dos amigos gays, por exemplo
Até me achava especial por ser tão “tolerante”
Mas quem precisa de tolerância quando apenas vive o que quer viver?
Há uma semana, durante uma situação difícil, uma de minhas melhores amigas foi prestar socorro
Estava tão empenhada em ajudar que minha mãe achou tratar-se de uma funcionária do lugar
Indagou e a resposta veio naturalmente:
- Não. É a namorada da fulana (outra grande amiga)
Só depois, percebi que minha mãe poderia ficar chocada com a informação de que aquelas duas belas moças eram um casal
Fazer o quê?
O mundo é assim:
Diverso
E é preciso educar para essa diversidade
Sei que não estou curada de todos os preconceitos e de alguns assombros diante do mundo que se abre à minha volta
Mas lutarei bravamente contra eles e não será apenas retórica.
Ninguém pode se achar melhor por uma opção sexual, cor da pele ou religião
Somos todos humanos, demasiado humanos, lutando para ser felizes nessa caminhada - sem chance de retorno- para o precipício da morte
Sejamos então, pelo menos, boas companhias uns para os outros.
Só assim, essa viagem, sem volta, ficará mais leve e divertida.